domingo, 9 de outubro de 2016

Biografia de Jacinto Maria




Jacinto Maria (Santiago do Cacém, 12 de Agosto de 1936 - Guimarães, 30 de Agosto de 2107)
Filho de Jacinto Augusto e de Maria Luiza, destacou-se como um exímio instrumentista de fagote e contrafagote, tendo também, em determinado período da sua atividade musical, sido percussionista sinfónico e igualmente, nos últimos anos de sua carreira, exercido a função de maestro em diversos coros e bandas filarmónicas, em Portugal.


Foi o quinto, de nove filhos. Jacinto Maria ficara órfão de pai, com apenas oito anos. O desgosto sofrido por sua mãe, impediu-a de criar os filhos, tendo sido hospitalizada e permanecido internada durante uns largos anos, em Lisboa. Jacinto Maria voltaria a reencontrá-la somente onze anos mais tarde.


João Manuel Marques Jacinto (1959) e Maria de Jesus Marques Maria (1963) foram os seus primeiros filhos, frutos de um primeiro matrimónio (1958) com Maria de Jesus Cebola Marques.


Em 1991, conhecera a que viria a ser a sua segunda esposa, Maria Lima Monteiro Oliveira, tendo-se oficializado a união em 1998.
Deste casamento nascera uma filha (2000) Inês de Jesus Monteiro Maria.


Há a destacar que sua filha Maria de Jesus viria a seguir as pegadas de seu pai e tornar-se a primeira mulher portuguesa, fagotista profissional, em Portugal, na Banda Sinfónica da P.S.P., com o posto de 1ª Sub-Chefe, chefe de naipe e solista.
Ruben Heitor Roque Inácio Marques Lopes Jacinto, um de seus netos, também viria a profissionalizar-se como músico, clarinetista.


Em Setembro de 1949, deixa Santiago do Cacém e entra no Orfanato Dr. César Ventura, no Montijo. É nesta instituição, que inicia os seus estudos musicais com José Ladislau de Sousa, vulgo José Flautim e António Luís Sampaio de Oliveira. O primeiro instrumento a que se dedicou foi o bombardino, tendo integrado a Banda do Orfanato. A sua estreia pública como músico acontece em 19 Março de 1952.


Pelas mãos de seus mestres é convidado a fazer parte da Banda da Sociedade Filarmónica 1º de Dezembro, que tinha, na época, como maestro António Gonçalves. Este terá sido o grande impulsionador, para que Jacinto Maria se viesse a realizar como profissional, preparando-o para o concurso que o levaria a integrar o elenco artístico da Banda Sinfónica da Guarda Nacional Republicana.
Jacinto Maria terá neste organismo, atingido o posto de 1º Sargento-músico e chefe de naipe e solista, em fagote.


Mesmo como profissional, ainda colaborou por alguns anos com a Sociedade Filarmónica 1º de Dezembro, considerada por ele como o seu primeiro conservatório de música.


Jacinto Maria, já como músico profissional, cursou no Conservatório Nacional de Lisboa. Contudo o seu grande mestre foi o ilustre fagotista e colega, Prof. João Gonçalves Mateus, com quem tinha aulas particulares.
Igualmente a grande escola onde consolidou todo o seu conhecimento e sua evolução musical como instrumentista foi para Jacinto Maria a Banda Sinfónica da G.N.R.


Ao longo da sua carreira tocou em várias orquestras, tais como: Orquestra de "Ópera do Teatro da Trindade", Orquestra Fernando Cabral, Orquestra Filarmónica de Lisboa, Orquestra Gulbenkian, Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, Orquestra Sinfónica do Teatro Nacional de São Carlos…


Foram muitos os maestros com quem trabalhou, nacionais e estrangeiros, destacando-se os que mais o influenciaram e marcaram tais como: Álvaro Cassuto, Duarte Ferreira Pestana, Carlos da Conceição Saraiva, Fernando Cabral, Frederico de Freitas, Igor Stravinsky, idílio Fernandes, Joaquim Alves de Amorim, Joly Braga Santos, José Atalaya, Joaquim Luís Gomes, Jorge Costa Pinto, José Victorino d`Almeida, Leonard Berstein, Lourenço Alves Ribeiro, Luís de Freitas Branco, Manuel Ivo Cruz (pai e filho), Rui Coelho, Silva Dionísio, Silva Pereira, Silvério Marques de Campos, Ten. Marques (Marinha).


O maestro Fernando Lopes-Graça fora o que mais o marcara, não só pelo apreço que tinha pela sua obra, mas também pela amizade que os unia.
As Sete Lembranças de Vieira da Silva, “obra condenada”, antes do 25 de Abril, de Fernando Lopes-Graça, para septeto de instrumentos de sopro, foi pela primeira vez tocada, por vontade de Jacinto Maria e de mais seis músicos, que se reuniram e a trabalharam no sentido de a tornar pública, devido ao seu elevado valor artístico e musical, de tão ilustre compositor.
Outras participações teve com Fernando Lopes-Graça, em pequenos agrupamentos de música de câmara.


Participou no LP Amália Canta Portugal, de temas populares, com arranjos de Joaquim Luís Gomes e Jorge Costa Pinto, destacando-se o solo de fagote no tema Minha Mãe Me Deu Um Lenço. E igualmente em dois LP da Banda Sinfónica da Guarda Nacional Republicana.


Em Portugal, pisou os mais importantes palcos  e em digressão pelo estrangeiro esteve em Espanha, França, Holanda, Brasil e Cabo Verde. Em Paris tocou no Olympia, tendo sido transmitido o concerto em directo, pela televisão francesa. No Brasil foram vários os concertos dados no Teatro Carlos Gomes e no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. Na Holanda participou num importante Tattoo Militar da OTAN.


Jacinto Maria ao longo da sua carreira como músico militar, foram-lhe atribuídos vários louvores, concedidos por Sua Exª Comandante Geral da Guarda Nacional Republicana.


Como maestro dirigiu a Filarmónica União Artística e o Grupo Coral Harmonia de Santiago do Cacém. Tendo, o grupo coral, estado inativo durante muitos anos, foi assim, refundado, por Jacinto Maria, tendo, a sua primeira actuação, depois de nove meses de ensaios, e estado presente o compositor Fernando Lopes-Graça, do qual cantaram algumas obras. No fim o compositor teceu elevados elogios, referindo-se publicamente «Nasceu uma criança, mas pronta para pisar condignamente qualquer palco do país e estrangeiro.»
Sociedade Filarmónica União Artística e Grupo Coral de Grândola
Banda Marcial de Bairros, de Castelo de Paiva
Banda de Pessegueiro do Vouga
Banda dos Bombeiros Voluntários de Póvoa de Lanhoso
Banda Musical de Parafita
Banda da Torre (Chaves)


O seu maior desgosto, foi nunca ter sido maestro da Sociedade Filarmónica 1º de Dezembro, tendo sido sugerido o seu nome para director musical, mas alguém se opôs, mencionando que «santos da casa não fazem milagres.»