Jacinto Maria (Santiago do Cacém, 12 de Agosto de 1936 - Guimarães, 30 de Agosto de 2107)
Filho de Jacinto Augusto e de Maria Luiza, destacou-se como
um exímio instrumentista de fagote e contrafagote, tendo também, em determinado
período da sua atividade musical, sido percussionista sinfónico e igualmente,
nos últimos anos de sua carreira, exercido a função de maestro em diversos
coros e bandas filarmónicas, em Portugal.
Foi o quinto, de nove filhos. Jacinto Maria ficara órfão de
pai, com apenas oito anos. O desgosto sofrido por sua mãe, impediu-a de criar
os filhos, tendo sido hospitalizada e permanecido internada durante uns
largos anos, em Lisboa. Jacinto Maria voltaria a reencontrá-la somente onze
anos mais tarde.
João Manuel Marques Jacinto (1959) e Maria de Jesus Marques
Maria (1963) foram os seus primeiros filhos, frutos de um primeiro matrimónio
(1958) com Maria de Jesus Cebola Marques.
Em 1991, conhecera a que viria a ser a sua segunda esposa, Maria Lima Monteiro Oliveira, tendo-se oficializado a união em 1998.
Deste casamento nascera uma filha (2000) Inês de Jesus
Monteiro Maria.
Há a destacar que sua filha Maria de Jesus viria a seguir
as pegadas de seu pai e tornar-se a primeira mulher portuguesa, fagotista
profissional, em Portugal, na Banda Sinfónica da P.S.P., com o posto de 1ª
Sub-Chefe, chefe de naipe e solista.
Ruben Heitor Roque Inácio Marques Lopes Jacinto, um de seus netos,
também viria a profissionalizar-se como músico, clarinetista.
Em Setembro de 1949, deixa Santiago do Cacém e entra no
Orfanato Dr. César Ventura, no Montijo. É nesta instituição, que inicia os seus
estudos musicais com José Ladislau de Sousa, vulgo José Flautim e António Luís
Sampaio de Oliveira. O primeiro instrumento a que se dedicou foi o bombardino, tendo integrado a Banda do Orfanato. A sua estreia pública como músico acontece
em 19 Março de 1952.
Pelas mãos de seus mestres é convidado a fazer parte da Banda
da Sociedade Filarmónica 1º de Dezembro, que tinha, na época, como maestro António
Gonçalves. Este terá sido o grande impulsionador, para que Jacinto Maria se
viesse a realizar como profissional, preparando-o para o concurso que o levaria
a integrar o elenco artístico da Banda Sinfónica da Guarda Nacional
Republicana.
Jacinto Maria terá neste organismo, atingido o posto de 1º
Sargento-músico e chefe de naipe e solista, em fagote.
Mesmo como profissional, ainda colaborou por alguns anos com
a Sociedade Filarmónica 1º de Dezembro, considerada por ele como o seu primeiro
conservatório de música.
Jacinto Maria, já como músico profissional, cursou no
Conservatório Nacional de Lisboa. Contudo o seu grande mestre foi o ilustre
fagotista e colega, Prof. João Gonçalves Mateus, com quem tinha aulas
particulares.
Igualmente a grande escola onde consolidou todo o seu
conhecimento e sua evolução musical como instrumentista foi para Jacinto Maria
a Banda Sinfónica da G.N.R.
Ao longo da sua carreira tocou em várias orquestras, tais
como: Orquestra
de "Ópera do Teatro da Trindade", Orquestra Fernando Cabral,
Orquestra Filarmónica de Lisboa, Orquestra Gulbenkian, Orquestra Sinfónica da
Emissora Nacional, Orquestra Sinfónica do Teatro Nacional de São Carlos…
Foram muitos os maestros com quem trabalhou, nacionais e
estrangeiros, destacando-se os que mais o influenciaram e marcaram tais como:
Álvaro Cassuto, Duarte Ferreira Pestana, Carlos da Conceição Saraiva, Fernando
Cabral, Frederico de Freitas, Igor Stravinsky, idílio Fernandes, Joaquim Alves
de Amorim, Joly Braga Santos, José Atalaya, Joaquim Luís Gomes, Jorge Costa
Pinto, José Victorino d`Almeida, Leonard Berstein, Lourenço Alves Ribeiro, Luís
de Freitas Branco, Manuel Ivo Cruz (pai e filho), Rui Coelho, Silva Dionísio,
Silva Pereira, Silvério Marques de Campos, Ten. Marques (Marinha).
O maestro Fernando Lopes-Graça fora o que mais o marcara, não
só pelo apreço que tinha pela sua obra, mas também pela amizade que os unia.
As Sete Lembranças de Vieira da Silva, “obra condenada”, antes do 25 de Abril, de Fernando
Lopes-Graça, para septeto de instrumentos de sopro, foi pela primeira vez
tocada, por vontade de Jacinto Maria e de mais seis músicos, que se reuniram e
a trabalharam no sentido de a tornar pública, devido ao seu elevado valor
artístico e musical, de tão ilustre compositor.
Outras participações teve com Fernando Lopes-Graça, em
pequenos agrupamentos de música de câmara.
Participou no LP Amália Canta Portugal, de temas populares,
com arranjos de Joaquim Luís Gomes e Jorge Costa Pinto, destacando-se o solo de
fagote no tema Minha Mãe Me Deu Um Lenço. E igualmente em dois LP da Banda Sinfónica da Guarda Nacional Republicana.
Em Portugal, pisou os mais importantes palcos e em digressão pelo estrangeiro esteve em Espanha, França, Holanda, Brasil e
Cabo Verde. Em Paris tocou no Olympia, tendo sido transmitido o concerto em
directo, pela televisão francesa. No Brasil foram vários os concertos dados no
Teatro Carlos Gomes e no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. Na Holanda
participou num importante Tattoo Militar da OTAN.
Jacinto Maria ao longo da sua carreira como músico militar,
foram-lhe atribuídos vários louvores, concedidos por Sua Exª Comandante Geral
da Guarda Nacional Republicana.
Como maestro dirigiu a Filarmónica União Artística e o Grupo
Coral Harmonia de Santiago do Cacém. Tendo, o grupo coral, estado inativo
durante muitos anos, foi assim, refundado, por Jacinto Maria, tendo, a sua
primeira actuação, depois de nove meses de ensaios, e estado presente o compositor
Fernando Lopes-Graça, do qual cantaram algumas obras. No fim o compositor teceu
elevados elogios, referindo-se publicamente «Nasceu uma criança, mas pronta
para pisar condignamente qualquer palco do país e estrangeiro.»
Sociedade Filarmónica União Artística e Grupo Coral de
Grândola
Banda Marcial de Bairros, de Castelo de Paiva
Banda de Pessegueiro do Vouga
Banda dos Bombeiros Voluntários de Póvoa de Lanhoso
Banda Musical de Parafita
Banda da Torre (Chaves)
O seu maior desgosto, foi nunca ter sido maestro da Sociedade
Filarmónica 1º de Dezembro, tendo sido sugerido o seu nome para director
musical, mas alguém se opôs, mencionando que «santos da casa não fazem
milagres.»